Umuarama, quinta-feira, 28 de março de 2024 ESCOLHA SUA CIDADE

Paraná

28/06/2022 | Concebido por Goioerê

Com apoio do IDR-PR, agricultores de Ivaí conquistam certificação para produção orgânica

Com apoio do IDR-PR, agricultores de Ivaí conquistam certificação para produção orgânica

Há cerca de dois anos, o cultivo sem agrotóxico aportou na região e duas propriedades já conquistaram a certificação para produzir olerícolas orgânicas. Os produtores estão otimistas, não só por se livrarem do contato com os defensivos, como também por conquistar novos mercados.

A agropecuária é a principal atividade econômica de Ivaí, nos Campos Gerais, com cerca de 14 mil habitantes. Há cerca de dois anos, o cultivo sem agrotóxico aportou na região e duas propriedades já conquistaram a certificação para produzir olerícolas orgânicas. Os produtores estão otimistas, não só por se livrarem do contato com os defensivos, como também por conquistar novos mercados.

O cultivo orgânico em Ivaí começou antes da pandemia, quando Raphael Branco de Araújo, engenheiro agrônomo do IDR-Paraná, organizou um treino-visita para que produtores do município conhecessem o cultivo de tomate sem agrotóxico. “Procuramos encontrar pessoas que estivessem abertas a essa tecnologia e apresentamos a elas algumas tecnologias como o SPDH (o Sistema de Plantio Direto de Hortaliças)”, explicou. Em 2020 ele começou o trabalho mais direto em duas propriedades com o objetivo de obter a certificação.

Produção de grãos com sustentabilidade será tema da 27ª Expotécnica, em Sabáudia

Ricardo Marques, morador na comunidade Faxinal do Tanque, foi um dos agricultores escolhidos para esse trabalho pioneiro em Ivaí. Até dois anos atrás a principal fonte de renda da propriedade era o cultivo de fumo. Mas a descoberta de um câncer do tipo linfoma levou o produtor a procurar uma alternativa. Por recomendação médica, Marques teve que se afastar do contato com agrotóxicos e buscar uma alimentação mais saudável.

O produtor passou então a lidar com a produção de leite e a cultivar algumas hortaliças, sem qualquer produto químico, para o consumo próprio. Ocasionalmente o que sobrava da horta era vendido na vizinhança. Marques participou do treino-visita sobre tomate orgânico promovido pelo IDR-Paraná há dois anos. De imediato ele se identificou com o plantio agroecológico e decidiu plantar tomate. Mais do que isso, resolveu pegar o caminho da transição agroecológica e buscar a certificação para a produção orgânica de olerícola e para isso contou com a assistência técnica.

“O maior problema da propriedade do Ricardo era o solo muito compactado, resultado de 15 anos de exploração da fumicultura”, explicou o extensionista Raphael Araújo, que acompanhou o trabalho na propriedade. Segundo ele, a solução foi implantar o Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) que aumenta a quantidade de matéria orgânica no solo.

“Também introduzimos a adubação verde. O trigo mourisco, a ervilhaca, aveias e centeio são plantas que deixam o solo mais estruturado e diminuem a compactação. O Ricardo ainda parou de revolver o solo para o plantio”, acrescentou.

Com olhar inovador para o campo, IDR-Paraná recebe homenagem da Assembleia Legislativa

Além de melhorar as condições do solo, Araújo indicou ao agricultor o uso de produtos homeopáticos nos cultivos. Segundo o servidor, eles evitam doenças foliares e diminuem os efeitos das geadas sobre as plantas. Marques também recebeu sementes do milho IPR 164 e deixou de cultivar variedades transgênicas. “Isso aumentou a soberania do produtor. Ele deixou de depender da semente de uma só empresa”, ressaltou Araújo.

Atualmente, Marques cultiva um hectare com diversas olerícolas. “Para controlar as pragas e doenças usamos óleo de Neem, as caldas e os bacilos”, explicou o produtor. A produção é vendida para programas oficiais, supermercados da cidade ou diretamente para os consumidores em sacolas semanais. Em outubro do ano passado o produtor chegou a entregar 350 sacolas. Como o processo de certificação foi feito pelo Tecpar, com a orientação dos extensionistas do IDR-Paraná, o produtor não teve qualquer custo com o processo.

O trabalho da extensão rural também contribuiu para mudar as condições de vida da família de Marques. Um sistema de saneamento básico foi instalado na residência e a água passou a ser clorada, já que anteriormente estava contaminada. A propriedade também passou a contar com uma unidade demonstrativa de mandioca, com o plantio de seis variedades diferentes. A área serve de modelo para outros produtores interessados em materiais produtivos e mais adaptados à região.

Adapar treina operadores de drones para defesa sanitária vegetal

Para Marques, com a certificação a produção dele chega ao mercado com um diferencial. “A grande vantagem é ter um produto bom para quem produz e para quem consome. É uma hortaliça de mais qualidade, tem gosto diferente e está livre de veneno”, afirmou o agricultor. Agora, todo o esforço do produtor é reconhecido oficialmente pela certificação.

PREFERÊNCIA – A história de Danieli Komety Ossowski não é muito diferente. Ela também lidava com fumo e há quatro anos descobriu um câncer. “Tive que me afastar dos agrotóxicos. Como tinha frangos passei a usar o esterco das aves para adubar a horta onde plantava hortaliças para o consumo próprio”, contou a produtora. Depois de conhecer a produção orgânica de tomate, Danieli percebeu que era possível produzir sem os insumos químicos.

Ela buscou assistência técnica no IDR-Paraná e estendeu a prática orgânica a toda a sua propriedade, tendo em vista a certificação da produção de olerícolas. Com a orientação do IDR-Paraná, seguiu todos os passos para produzir sem agrotóxicos. Cuidou do solo, da água e do entorno do cultivo de olerícolas.

Atualmente, Danieli e o marido, Edecleto, produzem de 100 a 150 pés de alface por semana e há três meses eles já podem se orgulhar de terem conquistado a certificação. “A produção orgânica significou mais qualidade de vida para mim e para os clientes. Trabalho no Mercado do Produtor e antes da certificação sempre tinha quem perguntava se os produtos eram orgânicos mesmo, se não tinha veneno. Agora, temos a comprovação. O cliente sabe como é produzida a hortaliça que ele compra”, disse Danieli.

Infraestrutura, manejo, tecnologia e apoio do Estado fortalecem fruticultura do Litoral

Por enquanto a produtora não recebe mais pela produção sem agrotóxico no mercado local, mas ela já nota que os produtos orgânicos têm a preferência dos consumidores. “Na feira pode ter outro produto ao lado. O meu, como é orgânico e certificado, vende melhor”, contou. Ela lembrou que foi importante contar com o apoio do IDR-Paraná para conseguir a certificação. “O Raphael esteve sempre por perto para dar toda a orientação. Sempre fomos bem atendidos. Ele tirava todas as nossas dúvidas”.

PROGRAMAS OFICIAIS – Como são produtores orgânicos, Danieli e Marques têm prioridade na venda da produção para programas oficiais como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). Nessas vendas eles conseguem um adicional de 30% no preço por serem orgânicos. Além disso, ainda vendem para supermercados e outros estabelecimentos do mercado local.

Nota técnica da Adapar alerta sobre suspensão do agrotóxico carbendazin

As duas primeiras certificações conquistadas por agricultores familiares de Ivaí têm um grande significado. Para o extensionista, Raphael de Araújo, Danieli e Marques são exemplos. “A conquista dos dois é um grande incentivo para os produtores da região. Outros dez agricultores já têm potencial imediato de certificação. Temos ainda muito mercado para essa produção”, observou.

Para ele, a produção orgânica está apenas engatinhando em Ivaí e pode ter um futuro promissor, à medida em que os consumidores demandem e valorizem alimentos mais saudáveis.

 

PUBLICIDADE

Fonte: GOIOERÊ | CIDADE PORTAL | AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO PARANÁ - AEN

OPINE!

CIDADE PORTAL
(44) 3522-7297 | (44) 99979-8991 | (44) 99979-3334
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio
de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Site CIDADE PORTAL.

Desenvolvido por Cidade Portal